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segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

MANTA DE RETALHOS Promover o envelhecimento ativo

O envelhecimento da população é um dos maiores triunfos da humanidade mas também um dos maiores desafios do século 21, pelo aumento exponencial das demandas económicas e sociais.
Porque o envelhecimento começa no primeiro dia de vida, deve ser encarado e vivido naturalmente como qualquer etapa da vida. Envelhecer com saúde, autonomia e independência constitui hoje um desafio à responsabilidade individual e coletiva, com tradução significativa no desenvolvimento económico e social dos países, para o qual todos como cidadãos, e independentemente da idade, deverão contribuir.
Cada comunidade deverá adotar medidas para ajudar as pessoas mais velhas a manterem-se saudáveis e ativas, prevenindo o declínio físico e mental. Isto torna-se uma necessidade e não um luxo, pelo elevado consumo de recursos humanos e materiais que o cuidar de pessoas dependentes acarreta.
A Associação Milho D’Oiro, consciente desta problemática, entendeu a importância crescente de um envelhecimento ativo e assume como objetivo social a sua promoção. Este ano desenvolverá atividades que contribuam para a melhoraria da qualidade de vida e combater o isolamento social das pessoas mais velhas da nossa comunidade, uma dessas atividades é a
” Manta de Retalhos”.
As pessoas da 3ª idade são, geralmente, ignoradas como recurso quando, na realidade são um recurso importante para a estrutura de qualquer sociedade. Indivíduos carregados de experiência e de sabedoria, armazenadas ao longo do percurso de vida, recolhidas em diferentes contextos: social, familiar, cultural, profissional. Alicerces de uma sociedade em constante construção para a qual contribuíram e podem continuar a contribuir desde que lhe seja permitido. Para que este recurso humano seja otimizado e potencializado é fundamental a interdependência e a solidariedade entre gerações, por sua vez, este intercâmbio só é possível com a criação de uma linha de comunicação dupla entre jovens e velhos, com a partilha de conhecimentos e habilidades.
 Quantas vezes nos sentamos ao lado de nossos avós, ou mesmo de nossos pais, para escutar aquelas longas histórias que compuseram a vida e a trajetória da nossa família e, consequentemente, a trajetória da nossa vida? Quantas vezes param para pensar na importância do nosso passado, nas origens da nossa família, e mesmo da nossa comunidade? Indo um pouco mais longe, quantas vezes paramos para pensar que forma a cultura da nossa cidade e de nosso país influencia o nosso modo de pensar e de ver as coisas?
Nós somos o produto dessas vivências. É o somatório de experiências vividas no seio familiar e da comunidade da qual fazemos parte, que moldam a nossa personalidade. Isto é o que se chama identidade cultural.
 A “ Manta de Retalhos” pretende ajudar na procura dessa identidade, o que significa explorar a nossa própria história, conhecermo-nos a nós mesmos e tudo o que nos rodeia. Esta iniciativa terá como protagonistas um grupo de idosos do Lar de S. João de Deus da Santa da Misericórdia, em Gavião. Tal como o nome indica, consiste na execução de uma manta composta por vários retalhos com pinturas/desenhos feitos pelos participantes com o intuito de representar, pela arte, a sua história de vida. 
A atividade desenvolver-se-á em três etapas. A primeira será já no próximo dia 11 de Fevereiro, onde os idosos serão convidados a contar e a partilhar as histórias da sua vida, esta será a forma de resgatar e valorizar a história de vida de cada participante, encorajar a expressão de emoções, criar relações de apoio emocional, estimular a parte cognitiva pela atividade e combater o isolamento social pela partilha.
A segunda etapa permitirá a coleta de histórias da comunidade, contadas por cada um dos participantes num retalho que fará também parte da manta.
A terceira e última, permitirá dar a conhecer à comunidade em geral como cada um viveu os acontecimentos que fazem parte da história do seu país e da humanidade em geral.
Assim se construirá uma Manta, retalho a retalho, tal como se constrói a identidade de cada um em particular e a de um povo em geral, pelo somatório de vivências um longo do tempo.
Esta é a premissa da Milho D’oiro, ajudar a envelhecer criativamente, desmistificando mitos e os estereótipos de incapacidade, improdutividade, de degenerescência, promovendo a saúde física e mental, ao mesmo tempo,  criando uma cultura de respeito pela velhice,
Saber envelhecer é uma arte que a todos deve ser ensinada e permitida sem estigmas.
Ana Filipa Ribeiro


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