Escreva-nos!

povo.famalicense@gmail.com

A sua opinião é importante.
Somos um blogue com rosto, pelo que as mensagens anónimas vão direitinhas para o caixote do lixo; se for o caso, indique que deseja permanecer anónimo; mas perante nós, identifique-se, por favor.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

"Famafest, Vídeos, Literatura e erros ortográficos"

Por mais vezes que este executivo diga que o Famafest é um evento de grande interesse para os famalicenses, a verdade é que o festival é repetitivo até à exaustão. Não há inovação nos conteúdos, tudo parece dejà vú. Por exemplo, o ciclo dedicado aos vampiros já passou numa edição anterior. Para além disso, o aparente sucesso que o director do certame apregoa todos os anos, justificando com a adesão do público, rebate-se muito facilmente. As crianças encheram a Casa das Artes porque as manhãs são sempre dedicadas à animação. Assim, a câmara publicita, incentiva, e os infantários acorrem em massa a essas sessões. Nada de especial. Em relação aos outros dias em que a Casa das Artes enche no Famafest, esses são previsivelmente os mesmos. Na abertura e encerramento do certame as pessoas são atraídas por espectáculos teatrais e musicais de entrada livre. E a sala enche. Nos dias em que são exibidos os grandes sucessos do ano, premiados com Globos de Ouro e Oscars, toda a gente quer ver. E a sala enche. E o resto? E as salas da Biblioteca Municipal e do Centro de Estudos Camilianos a exibirem ciclos dedicados a realizadores, actores, escritores, etc.? Essas enchem? Claro que não! Não raras vezes podiam contar-se pelos dedos de uma mão as pessoas que assistiam ao Famafest nesses locais. Até o discurso vitorioso de encerramento do festival é sempre o mesmo. Lauro António "agarra-se" constantemente às 1000 crianças que diariamente vão ao Famafest. Bom, já percebemos que elas são o sucesso do Famafest, não vale a pena estarmos sempre a bater no ceguinho. Mas será que o sucesso global de um certame que custa mais de 70 mil euros se resume apenas a isso? Será que esse dinheiro nas mãos da única entidade que faz chegar o cinema aos famalicenses, não resultaria num serviço de verdadeira utilidade pública? Pois é, o Cineclube de Joane faz um trabalho de genuína dedicação ao cinema. Podiam perfeitamente, sem pompa nem fúteis desfiles de personalidades, organizar um grande festival de cinema de elevado mérito cultural, com o cunho inconfundível desta associação famalicense. Um festival feito por famalicenses que poderia atingir dessa forma a tal projecção que o Famafest falsamente diz atingir. O Famafest está gasto. Edna Cardoso, num dos últimos artigos seus no jornal “O Povo Famalicense”, refere isso mesmo. Realçando que o sucesso relativo do Famafest resulta da vinda a Famalicão de vedetas nacionais de vários quadrantes artísticos, afirma que seria muito mais justo homenagear a gente da casa. Famalicenses que pelo seu desempenho e dedicação a esta terra mereciam muito mais destaque do que muitos dos que são inscritos na calçada da Casa das Artes, pois esses pouco ou nada fizeram por Famalicão, pelo desenvolvimento e projecção desta terra a nível nacional e além-fronteiras. Nesse passeio da fama são homenageadas figuras, a cada Famafest, sem quaisquer critérios objectivos. Só os jogos de interesses e escolhas pessoais do director do Famafest é que ditam essas homenagens. Mas até aí existem falhas lamentáveis. Na placa colocada no tal passeio da fama, o nome do escritor angolano José Eduardo Agualusa apresenta um erro. Agualusa está escrito com Z. Desconheço se o próprio, no momento do descerramento, notou a falha, nem sei tão pouco se mais alguém a descobriu. Porém, no site da Município, no vídeo que faz o resumo do encerramento do Famafest, este lapso aparece logo a abrir. Enfim, dá-se inocentemente destaque a um erro que envergonha quem o comete, neste caso o próprio promotor do festival que é a Câmara Municipal. Como é possível que em plena era da internet, onde se pode pesquisar praticamente tudo, se possa cometer erros num nome tão conhecido da literatura lusófona? Isso só demonstra falta de organização, de análise cuidada. Isso só demonstra falta de cultura, pois essa não pode ser confundida com desfiles de vaidades, nem com arrogâncias e bajulices muito mal disfarçados. Espero que o José Eduardo Agualusa perdoe este lapso a quem não sabe que Luso, Lusitanos, Lusíadas, lusófono, e até mesmo Agualusa se escrevem com S. Assim vai as venturas e desventuras de um festival de cinema chamado Famafest.

Fernando Lima

1 comentário:

ACO disse...

Texto adequado.
Pelo que tenho observado o Famafest enquanto participação de pessoas adultas no Festival propriamente dito tem sido, ano após ano,um fiasco.
António Cândido de Oliveira