Professora querida, infelizmente partiste. Sei que não te verei mais sorrindo pelas ruas da cidade, nem encontrarei mais o teu olhar doce e inteligente. Porém, ficam-me nos dedos as tuas palavras, a grande mestre que foste e o ensinamento que me deixaste. Tenho por ti a maior saudade e não há mulher que te chegue aos calcanhares, não que eu conheça, desde a tua cultura, ao teu coração.
Hoje, ouvi a música "Povo que lavas no rio" e lembrei-me de ti. Não pude deixar de chorar e sentir que esta música, este poema, parece ter sido escrito por ti e para mim, define muito o teu coração. Aqui to deixo, como homenagem à pessoa que mais honrou a nossa cidade.
"Povo que lavas no rio
Que talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
Um beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
Água pura, fruto agreste
Mas a tua vida não.
Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.
Povo que lavas no rio
Que talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida, nao! "
- Amália Rodrigues
Até sempre, professora querida!
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