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quinta-feira, 17 de março de 2011

IVO MACHADO NA TERRA-MAE

Ivo Machado é um nome sonante das nossas artes e letras. Portense de gema, veio para a Escola Secundária D. Sancho I, por dar Física, como professor. E fez logo um recital na Fundaçao Cupertino de Miranda. Com projecçao de slides, para todos cantarem o refrao. Mas ele começou no mundo dos espectáculos em 69, compos para teatro "Bocage", de Romeu Correia. Simultaneamente, acompanhou a revolta musical do protesto, com Zeca Afonso sobretudo Adriano Correia de Oliveira. Fez-se com uma guitarra.
Em 99, um ano depois, apresentou "Tres Variaçoes de um sonho", de Ivo Macahdo, homónimo, poeta dos Açores que lhe deu uma desculpa esfarrapada para nao estar preente. No ano sguinte, de 2000, "Búzio de Cós", de Sophia Mello Breyner Andresson, que rodou pelas escolas. E "A Cor das Vogais" para crianças. Em 2003, apresentou "Com Tempo e Poesia", um tributo aos poetas famalicenses. E no ano seguinte, "Miragem de Saudades", de Agostinho Silva. A pedra no sapato, porque a família nao o deixou progredir com um CD e especáculo com a poesia do filósofo pensador. Em 2007, "Maré de sonhos", uma homenagem aos poetas famalicenses. Em Casteloes. Álvaro Casteloes, Aurélio Fernando, Camilo Castelo Branco, Fernado do Minho (pai do professor e arranjador, Carlos Carneiro). Flora Castelo Branco, Júlio Brandao, Manuel dos Santos Marques e a invitável Manuela Monteiro, a quem dedicou mais recitais. Já cantou Salvador Coutinho ou Armando Soares Coelho.
"Maré de sonhos" tem 12 temas, editou em CD, no Livro de Partituras que está à venda. Tem fotografas de Luís Efigénio, tem gravaçao e mistura de Alexandre Sousa e gravou-o no estúdio SOMDOBOM. Agora apresentou "Terra-Mae" em torno de Miguel Torga, no Dia Internacional da Língua Materna, dia 21 de Fevereiro de 2011, a convite do seu ex-aluno, Àlvaro Santos, director da Casa das Artes. De Carlos Carneiro, que o acompanhou à guitarra clássica e fez todos os arranjos musicais, o que Alexandre Herculano dizia de Almeida Garrett: "o desgraçado nao pode com o talento que Deus lhe deu", escreve António Susa, novo companheiro de estrada de Ivo Machado.
Tem a música do soneto "Os meus amigos", de Camilo. Como o Luís Represas fez com "Pedrdidamente", soneto-definiçao da poetisa Florbela Espanca, um soneto musicado Vamos le-lo agora:
Os meus amigos
Amigos cento e dez e talvez mais
Eu já contei! Vaidades que eu sentia!
Pensei que sobre a terra nao havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.
Amigos cento e dez, tao serviçais,
Tao zelosos das leis da cortesia,
Que eu já farto de os ver, me escapulia,
Às suas curvaturas vertebrais.
Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez, houve um somente
Que nao desfez os laços quase rotos.
Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, nao nos pode ver...
Que cento e nove impávidos marotos!"
Tem textos de António sousa, Tomás Gonçalves, Maria Virgínia NMonteiro e Rui Mesquita. E um, fac-smile do Carlos Carneiro.
TERRA-MAE
Com a apresentaçao (ele nao gosta de chamar-lhe espectáculo) , "Terra-Mae é um projecto original da poética de MIguel Torga", como dizia o cartaz da Casa das Artes de Fevereiro. com 13 temas, Ivo Machado cantou com toda a gente e apresentou Miguel Torga. E António Sousa brilhou. Todos brilham com Ivo Machado: como o Rui Mesquita e o Carlos Carneiro. Terra-Mae foi um recital cheio de Torgas. Urzes da montanha. Que Ivo Machado as coleccionou. E trouxe um quadro de Graça Moris, uma garrafa de vinho do Porto rotulada de Torga. Mas ninguém a bebeu. Sobra agora para as escolas e as associaçoes culturais.
Filipe Oliveira*
* está processado sem acentuaçao gráfica

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