Como militante de base e deputado municipal, participei no “jantar de reis” do PS/Famalicão, na última sexta-feira, em Avidos. Fui lá na expectativa de novidades, mas saí de lá de mãos e ideias a abanar. Mas com as orelhas a arder...
A dois meses de eleições para a comissão política concelhia, e sem nunca o meu nome ter sido explicitamente pronunciado por nenhum dos quatro oradores, fui politicamente visado por três deles, que, pelos vistos, dão às crónicas que assino n’O Povo Famalicense uma relevância que elas, em boa verdade, não têm e eu espero bem que nunca venham a ter.
Tudo porque no PS/Famalicão se continua a lidar mal com as diferenças de opinião, as dinâmicas informativas de jornais independentes como O Povo Famalicense e a influência dos media em comunidades deficitárias em participação cívica e relativamente pequenas como a nossa. Disse-o já, em privado, e repito-o agora, em público: até a direcção do Jornal querer, limito-me a ocupar um espaço de crónica jornalística descomprometida e de liberdade pessoal, cada vez mais essencial à realização plena da minha cidadania. Não visa quaisquer ganhos materiais, vantagens político-partidárias ou declarados benefícios de outrem. Fica-se, tão-só, pela presunção de poder ajudar a espicaçar a adormecida vida cívica famalicense, levando a que todos quantos, partilhando uma mesma identidade sócio-cultural e um território de generosa interacção com o Interior e o Litoral portugueses, possam confluir numa ideia de valorização e afirmação constantes de Famalicão e dos famalicenses à escala regional e nacional. Será demasiado?
A todos quantos, bem e mal-intencionados, e tanto fora como dentro do PS, não toleram o exercício escrito da minha liberdade e convivem mal com a crítica, quero lembrar o exemplo e fecundidade do pensamento político do Homem que, ao longo dos meus mais de 50 anos, mais me impressionou: Francisco Salgado Zenha. É a ele que recorro, mais uma vez, lembrando aqui um trecho do discurso que fez na homenagem que, pouco antes de morrer, em Novembro de 1993, um grupo de amigos lhe prestou:
“Há valores sem os quais a vida se torna penosa. Queria fazer uma referência especial à Amizade, à Tolerância e à Solidariedade.
“Não basta que preguemos a Amizade; é necessário também merecê-la de parte a parte.
“Não basta que homenageemos a Liberdade; é necessário também respeitarmos os outros nas suas convicções morais e culturais: é isso a Tolerância.
“Não basta discursarmos sobre a Solidariedade; é necessário que a sintamos como a exigência máxima da Humanidade. Solidariedade para como o nosso próximo e, mais do que isso, para com todos os povos do Mundo”.
Se merecer chegar aos 70, vai dar-me um gozo especial evocar n’O Povo Famalicense estes dias de frenesim interno no PS/Famalicão. Por agora, ouso, apenas, começar uma possível crónica, lembrando uma das máximas de vida de Salgado Zenha: “Só é vencido quem desiste de lutar”.
Carlos de Sousa
A dois meses de eleições para a comissão política concelhia, e sem nunca o meu nome ter sido explicitamente pronunciado por nenhum dos quatro oradores, fui politicamente visado por três deles, que, pelos vistos, dão às crónicas que assino n’O Povo Famalicense uma relevância que elas, em boa verdade, não têm e eu espero bem que nunca venham a ter.
Tudo porque no PS/Famalicão se continua a lidar mal com as diferenças de opinião, as dinâmicas informativas de jornais independentes como O Povo Famalicense e a influência dos media em comunidades deficitárias em participação cívica e relativamente pequenas como a nossa. Disse-o já, em privado, e repito-o agora, em público: até a direcção do Jornal querer, limito-me a ocupar um espaço de crónica jornalística descomprometida e de liberdade pessoal, cada vez mais essencial à realização plena da minha cidadania. Não visa quaisquer ganhos materiais, vantagens político-partidárias ou declarados benefícios de outrem. Fica-se, tão-só, pela presunção de poder ajudar a espicaçar a adormecida vida cívica famalicense, levando a que todos quantos, partilhando uma mesma identidade sócio-cultural e um território de generosa interacção com o Interior e o Litoral portugueses, possam confluir numa ideia de valorização e afirmação constantes de Famalicão e dos famalicenses à escala regional e nacional. Será demasiado?
A todos quantos, bem e mal-intencionados, e tanto fora como dentro do PS, não toleram o exercício escrito da minha liberdade e convivem mal com a crítica, quero lembrar o exemplo e fecundidade do pensamento político do Homem que, ao longo dos meus mais de 50 anos, mais me impressionou: Francisco Salgado Zenha. É a ele que recorro, mais uma vez, lembrando aqui um trecho do discurso que fez na homenagem que, pouco antes de morrer, em Novembro de 1993, um grupo de amigos lhe prestou:
“Há valores sem os quais a vida se torna penosa. Queria fazer uma referência especial à Amizade, à Tolerância e à Solidariedade.
“Não basta que preguemos a Amizade; é necessário também merecê-la de parte a parte.
“Não basta que homenageemos a Liberdade; é necessário também respeitarmos os outros nas suas convicções morais e culturais: é isso a Tolerância.
“Não basta discursarmos sobre a Solidariedade; é necessário que a sintamos como a exigência máxima da Humanidade. Solidariedade para como o nosso próximo e, mais do que isso, para com todos os povos do Mundo”.
Se merecer chegar aos 70, vai dar-me um gozo especial evocar n’O Povo Famalicense estes dias de frenesim interno no PS/Famalicão. Por agora, ouso, apenas, começar uma possível crónica, lembrando uma das máximas de vida de Salgado Zenha: “Só é vencido quem desiste de lutar”.
Carlos de Sousa
3 comentários:
Carlos de Sousa disse:
"Como militante de base e deputado municipal, participei no “jantar de reis” do PS/Famalicão, na última sexta-feira, em Avidos. Fui lá na expectativa de novidades, mas saí de lá de mãos e ideias a abanar. Mas com as orelhas a arder..."
Das orelhas a arder pouco importa. Quem é cidadão activo sujeita-se a críticas. Mas um jantar político sem ideias? O que é isso? Será que CS esteve atento. Espero pelas notícias do "Povo Famalicense".
ACO
Carlinhos: quem se mete em vespeiros sai mordido. A convivência com a diferença, sobretudo protogonizada por quem, como tu, tem a capacidade de pensar, é particularmente penosa para os que dependem do unanimismo subserviente para sobreviver; o verniz de circunstância estala ao menor sinal de audiência atenta, veneradora e obrigada.
Ainda bem que deixei de ser "sócio" dessa coisa.
Pelo menos sabe que o jantar foi em Avidos, já que os chouriços do PS pensam que foi em Landim... depois aparecem lá outros que pensam que mandam naquilo tudo e foi o que se viu. Só não houve feridos porque ainda existem jovens que têm mais juizo que alguns "velhos"...
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